quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Florânia




Florânia é uma cidade pouco conhecida, mas de muita história. A começar, já foi denominada de Flores; e, de acordo com Nestor Lima, o nome foi dado por causa das muitas flores chamadas Rainha do Prado (Aristida Pallens) que havia na região. O atual nome foi sugerido pelo mesmo Nestor, à época da emancipação política do município, por existir no estado de Pernambuco uma outra cidade que já atendia pelo nome de flores, sendo que antigamente não se era permitido que duas cidades possuissem o mesmo nome; então Florânia foi assim chamada apenas para fazer distinção da cidade pernambucana. Antes, Cascudo afirma que a região era chamada de Roça Urubu e, em 1865, Flores do Urubu, a causa da grande quantidade de urubus que dormiam nos serrotes ao nascente e no Capim Açu, sítio da região; cujo um de seus filhos, o violeiro André, apelidado de ‘Bacurau’, dá outra explicação, afirmando que o nome Rossaurubu foi atribuído devido a existência de uma grande pedra no rio de mesmo nome – rio Rossaurubu - onde os urubus davam vôos rasantes, quase roçando na pedra, daí surgindo o nome.Apesar de nos tempos áureos do algodão, Florânia ter sido um dos maiores produtores algodoeiro da região, ela é praticamente desconhecida por seus conterrâneos potiguares. Por ela, não passa nenhuma das principais rodovias estaduais. Chegasse à cidade através da rodovia federal BR 226 e pelas estaduais RN 041, RN 087, RN 088, RN 118, as quais não estão em boas condições, dando ênfase ao péssimo estado de conservação que está o trecho entre São vicente e Currais Novos da BR 226, principal via de acesso. Florânia também não tem merecido por parte da mídia muita importância e, se não fosse por sua vaquejada e pelo rally que ocorreu dentre suas serras no mês de março, não teria recebido destaque algum na imprensa local durante o primeiro semestre do ano de 2003. No passado, a primeira notícia oficial sobre fatos sociais que se tem conhecimento foi a criação de uma cadeira de instrução primária para o sexo masculino na povoação de Flores, então freguesia de Acari, em 03 de julho de 1870, em seguida foi instaurado o distrito de paz de Flores da paróquia Nossa Senhora da Guia, de Acari, pela lei 684 de 11 de agosto de 1873 . O distrito de Paz de Flores, em 12 de maio de 1884, teve seu território ampliado, anexando o então Saco Da Luiza – atual cidade de São Vicente - e os sítios Quinquê, Pé de Serra e Quimporó de baixo, incluindo Exu, Ipueira do Mato, Vaca Brava e o Quimporó de cima. Em 1877 a cadeira de instrução foi extinta, sendo depois restaurada em 1882, quando lhe foi somada uma cadeira para mulheres. Mas, de acordo com registros, a região tem sido povoada desde tempos remotos, ainda pelo homem pré-histórico, cujas marcas podem ser vistas hoje nas pinturas rupestres do sítio do capim Açu, em artefatos cerâmicos encontrados no sítio do Cajueiro e também na memória de idosos que lembram da antiga tradição indígena de por objetos nas orelhas e de furar as bochechas, que, na infância, eles ainda puderam presenciar.O povoamento da região é relacionado à época das grandes criações de gado que adentraram território em busca de pasto e os então criadores fizeram petição de sesmarias, formando enormes latifúndios. Sabe-se que a região onde hoje fica Florânia foi requerida e explorada por Cosme de Abreu, a quem se atribui nacionalidade Portuguesa, e que obteve em 28 de junho de 1754 a data das terras, concedida pelo ainda Capitão-mor Pedro de Albuquerque, essa é que Nestor Lima afirmou ser a primeira sesmaria da região, porém Cascudo aponta para outra ainda anterior à de Cosme de Abreu, que seria a de Gernásio Pereira Morais, datada de 09 de janeiro de 1719 que iria de Olho d’água das pedras até a Serra do Quinchê. É certo que em 21 de janeiro de 1756, Cosme de Abreu ainda anexou, às suas propriedades, as terras da fazenda Patacurá e o riacho Massaritã e Periquito, além do riacho da Luiza, onde alegava já possuir casas e morar havia trinta anos. Durante uma pesquisa realizada pela CESPEJUL, o senhor Francisco Cirilo de Souza deu um depoimento onde afirmava que Cosme de Abreu antes de chegar à localidade, teve uma difícil luta pela vida. Disse que Cosme havia vindo mesmo de Portugal para o Brasil e estava fugindo da família de uma moça pela qual teria se encantado e mantido relações. A família de sua amante não teria concordado com o romance e o jurara de morte, a moça então sugeriu que ele fugisse pelo mar e Cosme atirou-se ao oceano sobre uma tábua, levando consigo apenas uma imagem de Nossa Senhora; depois de dias a deriva no mar, Cosme conseguiu alcançar as praias da agora cidade de Macau, na costa Branca do RN e por aquela área iniciou um convívio com índios. Dado dia, uma índia da tribo, enamorada pelo forasteiro, o convidou para fugirem juntos e, correndo da ira da tribo, chegaram a Recife, onde viveram durante três anos. Depois regressaram para o Rio Grande, sendo que a índia agora atendia pelo nome de Angélica. Os dois penetraram o território e se fixaram no Seridó, onde Cosme requereu e obteve a data de sesmaria pela qual ficava acordado a posse de meia légua de terra de cada lado do rio Rossaurubu. Essas terras históricas para Florânia hoje fazem parte das terras do município de Tenente Laurentino Cruz, cidade que se desmembrou de Florânia e cuja sede fica em cima da serra de Santana. Antes, tudo era território do município de Acari, até 1890, ano em que o decreto nº 62 de 20 de outubro e assinado pelo primeiro vice-governador provisório, Pedro Velho, instituiu Flores como município autônomo; sendo instalado de fato com a posse da primeira intendência municipal em 24 de janeiro de 1891. Intendência esta que foi nomeada pelo Governo estadual e era composta pelo presidente João Toscano de Medeiros, José Manoel Baptista, João Victor e João Damasceno. Esse mesmo João Toscano tornou-se o primeiro prefeito da cidade.O povoado cresceu a partir, particularmente, da família dos descendentes de Cosme de Abreu, mais particularmente ainda a partir dos descendentes de seu filho primogênito, Athanasio Fernandes que ficaram conhecidos como “Tripeiros”; só de filhos, Athanásio, primogênito de Cosme, deixou vinte e dois, além de 482 netos e bisnetos, o que já somava um bom contingente para povoar a localidade. Quanto aos demais filhos de Cosme, dizem que um foi embora e não deu mais noticias ao passo que sua filha morreu sem deixar prole. Em relação ao apelido de “tripeiros”, afirmam que foi dado por causa de um fato que aconteceu com a família em Acari; diz-se que certo dia, a viúva de Athanasio, dona Isabel, mandou comprar em Acari carne para fazer uma refeição para vários convidados, entretanto, ao chegar ao matadouro, não havia mais carne e só restava as tripas dos bois, sem outra opção, a viúva mandou que fossem compradas todas as tripas; um outro comprador, que chegou pouco tempo depois, soube que Dona Isabel havia levado toda a tripa e ai bradou “oh, velha tripeira”, dando assim o apelido com o qual se designa a família até hoje. Aliás, quem confirma a história são os próprios descendentes dos ‘Tripeiros’ que, assim como Seu Sebastião, 81 anos, descendente vivo mais próximo de Athanasio, formam um pequeno povoado a noroeste de Florânia, bem próximo à cidade, chamado Jucuri, onde mantêm os traços de seus antepassados, sendo comum inclusive casamentos dentre integrantes da mesma família. Também participaram do processo de povoamento as famílias de alguns proprietários circunvizinhos como o Te. Cel. João Carneiro Machado Rios, Alexandre Ferreira de Araújo, João Porfírio do Amaral, Felix Carneiro e Joaquim Toscano de Medeiros. Quem chega a Florânia se depara com um clima temperado com média de 26,6ºC e 61% de umidade relativa ao ano, fruto da posição em meio a um bolsão de serras que a circunda. Também vai poder observar uma variedade de solos que vai do arenoso ao pedregoso, passando pelo argiloso (solos tipo Bruno não cálcico vértico e Bruno não cálcico); solos que possuem uma boa fertilidade e podem ser especialmente percebidos na Serra do Cajueiro com suas árvores frutíferas; além desta serra existem ainda a Serra Nova, do Periquito e inclusive a Serra de Santana chega a suas terras, todas elas fazem parte da Serra Nova, que recebe essas varias denominações, ao sul e a norte da Garganta, localidade do município, é conhecida por Pedra Liza, ao poente chama-se Cajueiro e indo para o nascente é denominada Santana. A vegetação é predominantemente Semi Árida, com a presença da caatinga hiperxerófila, arbustos de cactáceas e plantas de porte baixo e espalhado, dentre as quais se destacam a Jurema Preta, o Mufumbo, o Faveleiro, o Marmeleiro, o Facheiro e o Xique-Xique. Também são lugares de Florânia o Curral Novo e Boi Selado, assim batizados pela tradição oral.Na realidade, as árvores frutíferas a que me referi poderem ser vistas na serra do Cajueiro, foram para lá levadas por aquele que talvez tenha sido a pessoa que mais contribuiu para o crescimento do município e região, o Cônego Estanislau Piechel. Este padre, missionário da Sagrada Família, veio da Polônia em 1938 acompanhado por sua irmã, dizem que fugindo da Guerra, e foi levado a Caicó na gestão do Bispo Diocesano Dom José de Medeiros Delgado. Padre Estanislau, além de ter ensinado a cultivar as árvores frutíferas, também levou a apicultura, o agave, o café e encontrou uma mina de xelita na região; convidado para ser sócio da mina, recusou-se, mas recebeu uma boa quantia, com a qual comprou uma casa ao lado da matriz de Florânia e um sítio na Serra de Santana, o sítio Muniz, onde instalou dez famílias para que tirassem daquelas terras o seu sustento. Defensor da cultura, criou um cinema para a cidade, no prédio onde hoje está funcionando o Banco do Brasil, a construção deste prédio data de 1927 realizada pelo italiano José Pepino, para armazenar algodão, fala-se que durante as sessões de cinema, quando havia uma cena que o padre considerava imprópria, ele colocava a mão no projetor para que não pudesse ser vista. Também foi dele a idéia de fazer a escola Pio X, mais conhecida como a Escola dos Pobres, na qual Cônego Estanislau, professor de francês, propunha educar a população pobre que não tinha acesso a escola, haja vista que na cidade só existia uma escola, e mesmo assim particular, accessível apenas às famílias de boas condições financeiras. Porém, anos antes, o primeiro professor público que por lá apareceu foi João Praxedes de Medeiros, que lecionava naquela que foi a primeira escola do município que se sabe e funcionava no prédio de estilo colonial, datado do período imperial e que tempo depois se tornou cadeia pública e Delegacia de Polícia e, hoje, o judiciário está estudando a sua recuperação. A escola dos pobres educou muita gente que hoje agradece a iniciativa do Cônego, como a poetiza Ana Maria Azevedo, que em seu livro “Flores de minha infância”, lembra feliz da sua época de escola dos pobres e lamenta sua desativação, que aconteceu há alguns anos. O Cônego morreu dia 20 de janeiro de 2002 em Recife e encontrasse sepultado ao lado do altar da matriz de São Sebastião, antes de Florânia também foi pároco de Acari e Cruzeta. Em sua casa ficaram verdadeiras relíquias entre móveis, minérios e objetos pessoais, como sua coleção de pedras e sua coroa; mas com certeza a maior de todas heranças foram seus atos pelo bem comum, pois, como o mesmo dizia: “vim para dar minha vida pela salvação de muitos”.Como na maioria das cidades do interior, a igreja possui um papel central entre as historias do lugar, acreditasse que a filosofia católica foi especialmente disseminada em Florânia por causa da cidade ter sido sede do Seminário Ferial da Diocese do RN, além de moradia de Padres de outras cidades da região, que lá montavam suas moradas devido ao clima ser mais ameno; pesquisas apontam que 98,9% da população é católica. Também figuram entre os grandes nomes do passado da região, o Padre Ambrósio (1900-1957), Padre Cortes (1934-2001), que além de padre também foi Deputado Estadual, ainda muito querido e lembrado especialmente pela sua devoção a Maria, que o levou a muito batalhar pelo Monte das Graças; relatam que seu último pedido foi para que não se deixasse “de escrever a história do Monte de Florânia. Nossa Mãe do céu o recompensará e abençoará”. Outra figura religosa-política de renome no município é Padre Sinval Laurentino. Sinval, filho de Possidônia Silva (D. Santa) e Laurentino Teodoro da Cruz, nasceu em Florânia em 21 de abril de 1922 e ordenou-se padre em 29 de junho de 1946 em Florânia, sendo sacerdote de paróquias no RN e BA, onde também é recordado pelos feitos, em especial na cidade de Livramento; exerceu o sacerdócio até 1972, quando abdicou da vida religiosa por ter se apaixonado por uma moça chamada Jandira Alves, com quem teve quatro filhos. Regressou a Florânia, cidade pela qual nutria enorme afeto. Depois que decidiu largar a batina, diz-se que cristãos de sua antiga paróquia, com os quais gerou grande empatia, pediram por sua volta. Sinval Laurentino, já livre de seus compromissos religiosos de padre, negou o pedido e agradeceu em carta emocionada. Em 1976, resolveu se candidatar à prefeitura municipal; muito querido, obteve vitória nas eleições e em 1977 começou sua administração, que é considerada pelos habitantes locais como um marco na modernização da cidade. Ficou na prefeitura até 1980, durante esse período fez obras que impulsionaram o progresso floraniense e outras que chamam a atenção por suas formas, como a praça dos três poderes, que fica a frente do Palácio das Flores – prefeitura municipal; onde homenageia as forças armadas. Um fato curioso que se relata diz que um dia Padre Sinval foi ter com o governador sobre melhoras no município, só que o governador Tarcísio Maia não o quis receber, então Padre Sinval ficou na porta da Governadoria, onde havia chegado a dormir a noite para ser atendido. Outro fato inusitado que ocorreu durante a sua gestão, sendo este comprovado, remete a uma grande seca que assolou o município, causando a fome da população. Antes de existir um veículo para se realizar a coleta do lixo da cidade, a prefeitura usava um Boi para o serviço; e esse boi, involuntariamente, protagonizou um ato heróico. O Boi do Lixo, como era conhecido, foi indicado como a saída para matar a fome do povo e Pe Sinval teve de mandá-lo para o matadouro. Sua carne foi distribuída entre os moradores, que, dizem, disputavam suas partes em enormes filas. O Poeta João Alfredo versou a história do Boi:“...fora escolhido entre bois da redondezapara o penoso oficio do aradoe sua vida toldou-se de tristezaresta lembrar do passado...“Também há quem diga que, na verdade o Boi demonstrava ter ciência de sua atitude nobre em doar sua vida pela sobrevivência da população, afirmando inclusive que enquanto caminhava para ser abatido, ele chegava a esboçar um sorriso e há até quem reivindique uma estátua para o tão valente animal; nada mais justo. Pe Sinval faleceu em 11 de junho de 2000, nesta mesma cidade. Outra história curiosa relatada, agora sem ligação com Pe Sinval, foi a chegada da 1ª bicicleta à cidade, no ano de 1957, cujo dono era o senhor José Damasceno, dizem que a bicicleta gerou grande frisson e ele saiu lucrando bastante alugando a bicicleta a cinco cruzeiros por hora, e todos queriam dar voltas na novidade.Mas em Florânia a religiosidade não pára nos padres, a cidade possui alguns dos mais famosos milagreiros do Seridó, caso de Zé Leão e da Menina Santa. Contam que o primeiro era um jovem que veio da Paraíba e conseguiu acumular grande riqueza nas terras que hoje são Florânia, dizem também que se tratava de um homem de fina estampa, de muita beleza e que sempre andava em cima de um excepcional cavalo branco, era o preferido das mocinhas da região; tamanha riqueza e formosura acabou por atiçar a ganância e inveja dos outros grandes proprietários do lugar, que no dia 20 de janeiro de 1887 fizeram uma emboscada para o rapaz. Quando o pegaram, decidiram fazer uma fogueira e o jogar dentro, mas antes, para garantir que não escaparia, quebraram suas pernas. Dizem que mesmo depois de ter as pernas quebradas, Zé leão ainda conseguia pular para fora da fogueira, sendo sempre reconduzido por seus algozes. Enquanto isso, seu cavalo, comentam que era muito esperto, foi até a cidade para pedir ajuda, mas quando chegaram não havia mais o que se fazer, outros dizem que também mataram o cavalo que fora de Zé leão. Com o passar dos dias, um dos assassinos, com a consciência pesada, voltou ao local para pedir perdão por ato tão atroz e lá infincou uma cruz, que começou a realizar milagres para quem a ele solicitava ajuda. Foi o suficiente para gerar romarias e a construção de uma capela, conhecida como a Capela da Cruz de Zé Leão, feita no lugar onde ele morreu, a pouco menos de um quilometro a oeste da cidade, seguindo a estrada onde fica o cemitério. O acontecimento rendeu ao municipio o apelido de ‘Terra do mata e queima’ e fala-se que quando alguém dizia que vinha de Florânia, era logo repudiado.Porém a história ainda não para por ai, falasse que as suas cinzas foram levadas para o então cemitério da época, onde hoje fica a igreja matriz, para ser sepultado; mas que quando foram calçar as ruas que passam ao lado da igreja foram encontrados pedaços de carvão que acreditaram ser do finado Zé Leão, dizem que roubaram essas sobras e que tem quem as guarde até os dias de hoje. Tristemente, a capela de Zé leão não está mais recebendo a devida atenção, a igreja atribui à prefeitura o dever de zelar pelo lugar e a prefeitura, à igreja; nesse impasse, a capela, parte da historia da cidade vem se deteriorando, consumida pelo mato e pela sujeira dos morcegos e insetos.A Menina Santa é ainda mais venerada, sua historia têm várias versões, uma delas diz que tudo começou com um padre estrangeiro que sonha com uma menina enterrada em cima de uma serra, sendo que esta serra era uma das quatro pontas de uma cruz que se formava ligando-a a outras três cabeças de serras. Dado dia, esse padre vem à cidade de Florânia e do alto da torre da igreja ele percebeu que as serras ficavam da mesma forma de cruz que vira em seus sonhos, instigado com a possibilidade de ser verdade o que sonhara, ele parte junto com o padre local, na época Padre Ambrósio, e alguns ajudantes para subir as serras. Ao chegar ao topo de um delas eles encontraram uma umburana e ao pé dessa árvore uma menina morta em posição de reza, imediatamente a menina foi exaltada como uma pequena santa. Especulou-se que essa menina tinha fugido da casa de algum morador próximo e se perdido, mas a crença da santa foi mais forte e em cima do monte, com o esforço de muitas pessoas que subiam a serra levando o material de construção, foi edificada uma capela, que dentro em pouco se tornou um santuário, o Monte das Graças, que foi consagrado a Nossa Senhora das Graças. Isso aconteceu porque a igreja preocupada em não criar um outro mito como o de Zé Leão não aceitou a condição de santa da menina, e elejeu, de acordo com proposta de Frades que visitaram o monte, Nossa Senhora Menina para receber as honras do santuário, entretanto à época, um Bispo Carioca chamado D. Carlos, rompeu com a igreja católica por razões ideológicas e fundou a ICAB-Igreja Católica Brasileira, com sede naquela que era a Capital Federal da República e cuja padroeira seria Nossa Senhora Menina. Então, para que não se confundisse o santuário com um templo da ICAB, ficou combinado que o monte seria consagrado a N. S. das Graças, haja visto que muito se comentava sobre as graças que eram realizadas pelo monte; N. S. do Monte também foi cogitada para ser a padroeira, mas foi descartada porque já era assim que se designava a Menina Santa na região, o que reforçaria o seu mito.Contudo a fama da Menina Santa continuou a se espalhar e chamar mais romeiros, que levavam seus ex-votos em troca de graças alcançadas. Instituiu-se uma festa para nossa Senhora das Graças durante o mês de Novembro, 27/11, quando a cidade recebe a visita de milhares de pessoas. A umburana, de tanto sofrer a violência de quem arrancava seus galhos e partes de caule, morreu e foi cortada, hoje só se pode ver o toco dela, que foi protegido por uma pequena capela, onde são deixados os ex-votos (objetos como braços, pernas e cabeças de madeira que se oferece aos santos em troca dos milagres; a cabeça de madeira quando curada uma dor de cabeça, por exemplo). A imagem de Maria Menina, que foi anteriormente posta lá, da mesma forma que a árvore começou a ser raspada, por acreditarem que fosse milagrosa, e teve de ser protegida por uma redoma de vidro.Em um braço do Monte fizeram o Monte Calvário, que é ornamentado com esculturas feitas em pedra, algumas, como o São João, feitas pelo artista local, J. Junior. Há também um Cristo Redentor vindo da PB que abraça a cidade; neste monte são realizadas celebrações campais. Um centro de reciclagem foi colocado por trás da capela, onde são feitos trabalhos de formação e educação ambiental.Como não poderia ser diferente, a história da menina santa recebe outras versões, como a relatada por Sebastião Costa de Almeida, 92 anos, que afirma não haver apenas uma, mas sim três santas no monte, a primeira teria sido desenterrada às 18:30 da sexta feira, 27 de novembro de 1947 e as outras duas que, de acordo com ele, ainda não foram encontradas, estão, uma à frente da capela e outra atrás; ele chega até a afirmar que se pode ver a cabeça de uma delas saindo da terra e dentre em breve chegará o momento da outra sair. De acordo com Dona Dorotéia, a revelação desse segredo custou as vidas de três pessoas, a de Padre Ambrósio, a do padre que sonhou com ela e a de uma garota, filha da dona de um hotel em Currais Novos, onde o Padre havia se hospedado, pois a garota violou a urna onde estava a santa, acreditando que ela fosse uma boneca. Diz que isso aconteceu porque aquela não era a hora da revelação da santa, que, por isso, os castigou. Falam ainda que a menina ficou algum tempo na casa paroquial, de onde ela, milagrosamente, sumia e reaparecia ao pé da umburana. Há quem diga que era só uma menina que foi assassinada por ter reajido a um estupro, o fato é que ela ficou sendo venerada.Outro mártir que existe na região, faz relação a outra cruz, a Cruz do Caboclo. Porém dessa história pouco se conhece, só se sabe com certeza que se tratava de um índio que foi brutalmente assassinado no meio da mata, bem próximo da área da Garganta, e que no lugar do ocorrido foi deixada uma cruz, onde algumas pessoas fazem suas rezas. Mas a cruz do Caboclo, ao contrário dos outros pontos, não foi muito afamada e hoje encontra-se com uma velha e pequena foto de São João amarrada a ela, como sinal de uma última promessa. O acesso ao local é feito através de trilhas abertas entre as serras, são quarenta minutos de caminhada até chegar ao local. Seguindo-se a trilha para frente, chega-se a um poço fundo, que chamam de poço do Capim, por onde passam as águas do rio das cacimbas. Mais adiante, há um grande paredão de pedra que afirmam era a represa natural do Finado Horácio. Durante o trajeto para a Cruz do Caboclo, é quase inevitável o encontro com animais da região, pássaros, como o anun, que não param de cantar e cobras. Uma pequena cascavel que encontramos no meio da trilha acabou sendo morta pelo guia ‘Paizinho’, atitude que demonstra a falta de consciência da população quanto a preservação do meio ambiente local.Aos redores da cidade ainda existe uma fauna muito rica, por entre as serras os bichos correm soltos; falam até que ainda pode se encontrar veados e onças vermelhas, um espécie que é assim denominada no Brasil, mas refere-se à Puma Concolor (Felis Concolor Greeni). Verdadeiramente, só tive contato com os bichos de pequeno porte, como cobras, Pintassilgos, galos Campina, Camaleões, Tijuassus. Não tive o prazer de me deparar com esses animais de grande porte. Se existem, eles e os demais têm suas vidas por um fio; pois, como antes dito, infelizmente, os moradores da região não se conscientizaram da importância da preservação do meio ambiente, alguns tem inclusive o costume de caçar, prática que, se mantida, deverá exterminar os poucos exemplares deles que possam restar. Ao entrar na cidade, o visitante logo vê o ápice da torre da matriz de São Sebastião, capela que foi edificada a partir de uma promessa feita por Athanasio Fernandes para o santo defensor contra a peste, à época da epidemia de Cólera ocorrida em 1856; na promessa, ele se comprometia a levantar uma capela em honra ao santo caso a peste fosse contornada. A cólera foi vencida, e ainda hoje se pode ver o cemitério das pessoas que morreram de cólera, que fica no Sitio do Livramento, o qual recebeu este nome exatamente porque foi onde a cidade se livrou da doença, que vinha, desde Cruzeta, realizando um genocídio. Athanasio morreu sem cumprir sua promessa, mas sua viúva , Izabel Maria de Souza, junta a seus filhos, trataram de vingar com a dívida do chefe da família, seis anos após a morte deste, em 1866; quando a missão de Frei José Antônio de Maria Ibiapina, o “apótolo do sertão nordestino”, que viajava pelo sertão construindo cemitérios para sepultar as vítimas de cólera, a convite da viúva, alojou-se na região. Foi através desse missionário, que a capela foi concluída no final deste mesmo ano e inaugurada em 25 de dezembro pelo Padre Idalino Fernandes e, em 1904, foi elevada à qualidade de matriz sob as bênçãos de São Sebastião, cujo primeiro vigário foi o padre Ignácio Cavalcante. Foi ao redor da igreja que o municípiose formou, iniciando com a primeira rua, que hoje é denominada Cosme de Abreu, ao poente da matriz. A igreja matriz de São Sebastião foi edificada no terreno do antigo cemitério, isso porque como ali era parte da freguesia de Acari, a paróquia de Nossa Senhora da Guia negava a permissão para a construção de uma capela no local, e a solução encontrada foi que se erguesse uma capela dentro do cemitério, de maneira que a paróquia de Acari não pudesse interferir, ou seja, a cidade nasceu ao redor do cemitério. Hoje, ele desapareceu por completo, mas ainda pode se perceber as suas antigas delimitações nas ruas vizinhas à matriz; outro cemitério foi construído ao poente da igreja, assim como ordena a tradição católica. Os descendentes da família ‘tripeira’ mais velhos, como a esposa e prima de seu Sebastião, dona Ligia, ainda se recorda de quando ajudavam aos seus familiares carregando tijolos na cabeça para a construção da capela. Porém de sua construção até aqui já se foram muitas reformas, sempre para a sua ampliação, a exceção de uma delas ocasionadas pela queda de sua torre, que possuía 40 metros e foi substituída por outra de 25, com um relógio no alto, incansável marcador do tempo dos moradores da cidade, que continua ouvindo, a cada hora, as badaladas de seu sino. Em sua forma atual, a igreja conta com, além da torre, dois corredores laterais, a nave central, dez altares e o altar mor de São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Rosário; os laterais são consagrados a São Francisco, São Roque, Nossa Senhora das Dores, Sagrado Coração de Jesus, Santa Luzia, N. S. da Conceição, São João, Santo Antônio, N.S. do Perpétuo Socorro e São Vicente; seu teto é todo feito em madeira, sendo que a ação do tempo e a falta de cuidados está degradando-o. Atualmente, a Igreja traz as marcas de algumas modificações que, infelizmente, desfiguraram um pouco de sua história na área que fica o altar-mor de São Sebastião, que teve seu piso modificado e as muretas retiradas, outro triste ocorrido foi o roubo da primeira imagem de São Sebastião, dada pelos tripeiros em sua construção e que nunca foi recuperada, a que lá está foi doada pela família Laurentino Cruz. Apesar de ter se formado ao redor do cemitério, não há muitas lendas de assombração, exceto por duas. Uma falava que, à noite, se podiam ver fantasmas no beco ao lado da prefeitura, conhecido como beco da LBA – Legião da Boa Vontade, por também fazer esquina com o antigo prédio onde funcionava a Legião; mas os namorados parecem ter desfeito a fama do lugar que agora é bem movimentado. Outra estória quem conta são os moradores da serra do Cajueiro e os que a ela sobem no período noturno, como o taxista ‘Pudim’. Este taxista relata que uma vez enquanto subia a serra a noite para deixar um passageiro se deparou com uma luz que vinha descendo e acreditou que fosse uma moto, como a estrada é muito estreita e cercada de um lado pelas paredes da serra e outro por um penhasco, ele diz que parou o carro para esperar pela passagem da motocicleta, só que ela não passou, sumindo de maneira misteriosa. Pudim não sabe explicar o que era, mas confirma que aquela foi a última vez que subiu a serra a noite e que nunca mais irá repetir por medo de rever a tal luz. Alguns falam em fantasmas, outras em Extraterrestres que visitam regularmente as serras. Esse é um tipo de misticismo muito comum em regiões serranas.Essas crenças são exceções, parece que a força da fé venceu o medo dos mortos. Um costume de Florânia é a ‘Visita da Cova’, feita após a missa de trigésimo dia, quando uma procissão vai até a cova levando uma cruz preta com o nome do morto.A igreja continua a ser o centro da cidade e à frente dela, fica um monumento comemorativo feito em 1922, o Obelisco, que ficou sendo chamado de ‘O pirulito’, foi construído em honra do centenário da independência e hoje ornamenta a praça Getulio Vargas.Na região, há quatro riachos: Quimporó, Capim Açu, Garganta e o da Cachoeirinha, este último corre entre pedras e, como o nome já evidencia, possui uma queda d’água. O Ema, no Mulunguezinho; o Flores, no russinho; e o Tanque preto, no Capim Açu; são os açudes locais. A zona urbana toda possui água encanada, enquanto que, na zona rural, ainda se utiliza cisternas, poços e carros pipas para o abastecimento. A rede elétrica cobre 100% da cidade e 75% da zona rural.A vila que foi criada em 1890 tornou-se cidade pela lei estadual nº 22 de 28 de outubro de 1936, mas apenas em 1º de junho de 1937 ocorreu a solenidade de instalação. O município recebeu 1730 Km², reduzido do que tinha anteriormente, que era 1.860 Km²; o restante foi repassado para o município de Acari, cerca de 130 Km². À época a população contava com 7000 pessoas e em 1932 já estava em 13200 habitantes. A estrutura básica da cidade foi em grande parte construída por italianos, o que torna a cidade a única no estado a ter sido feita por imigrantes da Itália. A arquitetura de suas casas ainda guardam as marcas de seus criadores europeus, como os arcos em ogiva do estilo gótico, observado no Sobrado da rua Coronel Toscano, onde funcionava o comércio da cidade, a antiga ‘loja de Seu Campos’; no prédio que abriga a Câmara de Vereadores, que os italianos fizeram à época para moradia e armazenagem de mercadorias e, em 1891, foi doado para o funcionamento da primeira filial dos Correios e Telégrafos na cidade. Outro prédio que marca a estrutura européia da cidade é o Sobrado da Praça Getulio Vargas, que fica no centro da cidade e do qual só se sabe que pertenceu a Nicolau Giffoni e hoje, com sua estrutura original intacta, é o Sindicato dos Patronais. Mas sem duvidas, o personagem italiano de maior fama na cidade foi e continua a ser Antonio Giffoni. Dizem que ele vinha da Paraíba comprar borracha de maniçoba no Seridó e levantou o Casarão dos Italianos, como é conhecido, para sua morada; ainda se conserva do mesmo modo desde 1888, ano em que o comerciante italiano o ergueu todo no estilo colonial, já serviu de hotel e agora pertence ao poder público, que pretende fazer da casa um centro cultural. O nome de Giffoni transformou-se em rua, exatamente a rua onde fica um casario italiano feito por irmãos vindos da Itália, ocupando todo o quarteirão, é ornamentado com frisos nos beirais, representativos do poder econômico de seus antigos donos; esta rua ganhou o apelido de ‘rua dos Bil’, diz-se que porque era também lá onde ficava o comércio da família Bil, famosos comerciantes da cidade, qual na realidade não se chamava Bil. O fato é interessante porque atualmente ninguém sabe explicar o porquê da família ter sido assim apelidada, nem mesmo seus últimos descendentes, representados por sua matriarca, Neném Bil, cujo nome verdadeiro é Almira Fernandes de Lima. Uma pergunta que ficará sem respostas. Só se sabe que foi uma família de tropeiros, e antes de chegarem a Florânia viveram em Nova Cruz e em São José do Campestre. No entanto, mesmo com toda a beleza da arquitetura italiana, o prédio mais admirado pelos moradores da cidade é o Palácio das Flores, construção em estilo colonial, feito na administração do então prefeito Inácio Toscano, em 1927, pelo decreto nº 341, para que lá funcionasse a escola Coronel Silvino Bezerra. O Palácio tem uma escadaria à frente e grades no subsolo que serviu de presídio, porém foi feita para ser primeiramente escola, depois usado como presídio, hoje é onde funciona a prefeitura Municipal de Florânia. Ainda dentre as edificações, sempre se dá destaque ao prédio onde funcionava o Hotel de Cesário, que faz esquina com a rua João Pessoa, antes tão movimentado, resiste vazio às marcas do tempo, parte dele sedía o Crédito rural, enquanto a outra espera pela volta dos antigos visitantes. Um lugar que não foi construído pelos homens, mas que é citado pelas coisas que o homem fez nele, é a sombra de uma centenária gameleira que fica à esquerda da Praça Getúlio Vargas. Dizem que naquela árvore se enforcavam pessoas, por castigo ou perseguição, muitos encontraram nela seu fim. Fato é que a gameleira realmente tem uma disposição perfeita para esse oficio, seu tronco é bastante espesso e se bifurca, chegando a uma altura ideal para a atrocidade. A gameleira centenária está cercada pelo calçamento, sendo sufocada como as pessoas que nela morreram.Não foram apenas os italianos que descobriram Florânia, quem chegou e se alojou foi a comunidade cigana. Eles que antes viviam como nômades sobre jumentos, em missões pelo mundo a fora; acabaram se fixando no município, foram feitas casas para eles e ao invés de jumentos eles agora andam em motos. No entanto, ainda se pode observar os traços ciganos em seus rostos.Atualmente, o município teve sua população diminuída assim como foi resumido o seu território: são 8.978 residentes, dos quais 4.439 são homens e 4.539, mulheres; espalhados pelos seus 509,5 Km², 1,07% do território do RN (menos da metade do que possuiu um dia), o que dá uma densidade demográfica de 17,34 hab/Km² (dados Censo IBGE 2001). De acordo com dados da Secretaria estadual de Saúde (1999), a taxa de natalidade floraniense é de 28,9 por mil habitantes, ao passo que a mortalidade infantil chaga 15,5 por mil habitantes. A cidade obteve um grande progresso no passado, evidenciado na criação de um periódico local, chamado “A Verdade”, que tinha por Editor o senhor José Florentino Filho, mas que só vingou entre os anos de 1912 e 1913. Outros periódicos já circularam pela cidade, em 1913, A Gazeta do Sertão; 1922, Sete de Setembro, ‘O BUGI’ circulou entre 1977 e 80, enquanto que ‘A Folha de Florânia’, editada por Pedro Roberto de Medeiros e Josimar Tavares de Medeiros - fiel defensor da cultura local, circulou de 1986 ao ano 2000. No passado, morou em Florânia o senhor José Renault, comerciante e envolvido em movimentos pro independência, ele possuia uma pequena tipografia e, por isso, a existência dessa variedade de jornais na pequena Flores.Nos dias atuais, quem ocupa a função de comunicadora do município é a Igreja, através da radio Comunitária Ibiapina, homenagem ao missionário que ajudou a erguer a matriz. Os únicos sinais de televisão que passam pelas serras são os da Globo, SBT e, às vezes, Record; isso devido a uma antena retransmissora que foi colocada pela prefeitura próxima ao matadouro. O pacote só inclui esses três canais, mas o sinal da Filiada local da Globo não é sintonizado, só o das outras duas. Vez em quando ficam todos fora do ar e é preciso mandar alguém até a antena. Há algum tempo, existiam times de futebol na cidade, e é interessante como o esporte é valorizado pelos moradores. Os antigos times e os esforços de quem os mantinham são lembrados, o campo de futebol de Florânia foi construído nessa época, para apoiar o futebol local; no entanto, o último time da cidade foi extinto nos anos 80, e de lá pra cá não houve outros, apesar de ter sido construído um Ginásio Poliesportivo, que, ao lado da típica praça de interior, é opção de lazer do município. A cidade, a exemplo de nosso país, tem muito que crescer. Na área da saúde, é equipada com o hospital-maternidade Possidônia Emidio de Araújo, em funcionamento desde 1952, só que hoje completamente reformada, e doze prontos socorros, com vinte e cinco leitos (2,8 por mil habitantes), número abaixo do exigido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que pede 4,5 leitos por mil habitantes. Na educação, contém 42 escolas, vinte e uma estaduais, vinte e cinco municipais e duas particulares e um total de 2.368 alunos; a taxa de analfabetismo é de 48,97% (censo IBGE). Um estudo realizado pelo Sebrae em 1998, indicou uma deficiência também na área da segurança pública, patente na falta da presença constante da juíza . Só a pouco tempo a cidade pode contar com um delegado presente em tempo integral; não existem na localidade guarda municipal nem delegacia de mulheres, ausências que podem ser encaradas como falhas na segurança pública. Entretanto, o povo de Florânia parece dispensar maiores cuidados com segurança, por serem pessoas muito pacatas, é uma cidade de interior que tem uma rotina real de interior, com a paz e tranqüilidade características desses locais. Além do que, os floranienses têm uma hospitalidade admirável, que agrada qualquer visitante.Neste mesmo estudo, foi indicado grande quantidade de radiação, a causa da cidade ficar sobre uma mina de areia monazita, que, ao longo das gerações, tem provocado disturbios genéticos.Economicamente, não progrediu muito com o passar dos anos, especialmente pela queda da produção de algodão, produto agrícola que foi de enorme importância econômica para o crescimento do município, mas que teve seu declínio com a praga do bicudo e a hibridização com espécies importadas de algodão, antes da importação, o governador Juvenal Lamartine já havia condenado a prática, visto que o tipo que era aqui produzido, o ‘Mocó’ ou ‘Seridó’, já era de ótima qualidade; antes do algodão, houve o ciclo do gado, que extinguiu depois do fechamento das casas de charque de ‘Moçoro’ e ‘Açu’. Hoje, o que se observa é uma economia agropecuária, com o cultivo de milho, feijão, fava, mandioca, que garantem a sub existência da população.A cidade conta ainda com comércio e indústria restritos, lojinhas e mercadinhos; padarias, movelaria, olaria e queijaria e uma pequena feira é realizada pelas manhãs dos sábados. Por outro lado, também não existem programas de geração de trabalho e renda, nem é dado nenhum incentivo para a atração de atividades econômicas, não há doações de terra nem benefícios tributários de nenhuma espécie (IBGE-2001). A agricultura de sub-existência é de onde a maior parte tira sua sobrevivência, quando o algodão estava em alta, falasse que as condições eram melhores; hoje alguns estão tão desencantados que já nem vêem saídas para a economia local, quando isso não é verdade, há um potencial turístico muito bom sendo desperdiçado e que geraria muita renda para o município.

Um comentário:

http://estoriasdenossahistoria.blogspot.com/ disse...

Ingred Kássia
gostaria de parabenizá-la pelo minucioso trabalho desse seu texto, uma verdadeira arqueologia histórica, de rara riqueza e séria pesquisa. Grata por tudo o que ali aprendi!
meu abraço
Maianna